MÁRCIO GUIMARÃES
Tenho medo desta alegria repentina. Deste sentimento bom que conforta o meu ser fazendo-me transcender a alma – por que eu sei, ela vai chegar. Mais cedo ou mais tarde. Ela grita em meus olhos e ecoa em meus sentidos. Mas estou bem. Sim, estou bem – estou bem?! Tento camuflar e ela grita – grita das profundezas. Não há pressa. Ela espera o momento exato para entoar suas fúnebres canções de Outono – canções anacrônicas. Tento subir uma escada com falsos degraus. Uma escada em espiral feita do ébano. Chego ao Paraíso. Mas nele não há anjos. Festejo, canto, choro, bebo, percebo, trabalho, como, danço – Amo. Ela está Aqui. Eu sei que está. Está a minha espera, num deslize emocional ela agarra minhas pernas e puxa-me escada abaixo. E assim chego ao limo da minha existência. É frio e escuro neste lugar. Não há janelas – apenas mofo pelas paredes rachadas.
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